REFUGIADOS EM SUA PRÓPRIA CASA?

É o assunto do momento. São pixels e mais pixels de pessoas desesperadas procurando um lugar para viver. A “crise dos refugiados” me leva a um mundo primitivo, onde não há Amor real. Onde os sentimentos que realmente trazem felicidade simplesmente não existem – liberdade, igualdade, fraternidade.

É muito grave essa crise. Expõe a céu aberto o pior da humanidade.

E, quem sabe, o seu melhor: parece haver um esforço do governo da Grécia de abrigar pessoas de maneira honrada. Na reunião entre líderes de países europeus, no último fim de semana, os gregos disseram que não farão ‘campos de concentração’ para os imigrantes. A pequena Grécia, que está vivendo uma forte crise econômica, mas que foi o solo de Sócrates, Platão, Pitágoras e Péricles. Algo dessa herança, de alguma maneira, está reverberando nesse momento.

Desde janeiro, bem mais de 350 mil seres humanos fugiram da carnificina no Oriente Médio. Demorou a cair a ficha de governantes da Europa. Está demorando a cair a ficha de todos nós: cercamos nossas casas de grades na ilusão de que ficaremos ‘a salvo’. Tentamos blindar nossos corpos, mas nunca conseguimos blindar nossas almas. Enquanto existir uma única pessoa sem pão, sem teto ou sem dignidade no mundo, estaremos em ‘perigo’. Exatamente porque a verdadeira segurança é uma rede energética, com todos interligados, se protegendo e se amparando.

Tenho certeza de que, no meio do caos, há pessoas prestando toda a ajuda possível, independentemente de credo ou nacionalidade. Tenho certeza de que ainda conheceremos belas histórias de abnegação e compaixão, que estão sendo vividas nesses meses. De uma família alemã que adotou três crianças sírias que perderam os pais no Mediterrâneo; ou de um milionário austríaco que, inspirado em Mozart, construiu uma linda edificação para muitos imigrantes e propiciou-lhes chances de emprego. Ou de um grupo que, da América do Sul, enviou diária e anonimamente doses generosas de fótons coloridos para os desabrigados. Esses gestos são constantes nas crises. Só são muito pouco ou nada divulgados.

Só se fala em refugiados… Passados longos 4 anos do início da guerra civil síria, que já gerou a morte de mais de 300 mil pessoas nos dois hemisférios.

Na verdade, demoraram muito a falar em refugiados. E só falaram porque uma multidão procura a Europa pelo mar.

Para onde iríamos se jogassem uma bomba em nossas casas? Para outra galáxia? Não conseguimos ainda nem fazer um foguete espacial tripulado que ultrapasse a Lua…

Refugiados?
Quem é refugiado em sua própria casa?
A Terra é a casa de todos nós.

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Do artista Gunduz Aghayev, do Azerbajão, diante da notícia da criança de apenas 3 anos que se foi nas águas do Mediterrâneo e se tornou o símbolo da crise. Aghayev faz ilustrações incríveis desfazendo as fronteiras que não deveriam existir entre o Ocidente e o Oriente.

17 comentários sobre “REFUGIADOS EM SUA PRÓPRIA CASA?

    • Sabe? Faz um tempo que tento olhar as coisas de uma outra perspectiva. Se estivéssemos lá no alto vendo a Terra conseguiríamos, talvez, ver quanta pequenez, mas também quanta grandeza aqui existe. Torço para que essa grandeza nos leve onde a corrente parece levar a todos nesse momento, ao fim das fronteiras…

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      • Compartilho do mesmo pensamento, e infelizmente não precisamos ir até a Europa, basta olhar o nosso nordeste e a nossa pequenez diante de nosso quintal. Óbvio que não tem comparação em ter que sair de casa por falta de condição de sobrevivência e sair por que uma bomba implodiu sua casa.
        Tem uma música do Queen que expressa tudo isso que sentimos:
        Is this the world we created? (Só um detalhe, essa música é de 1984)

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      • Sabe Fernando, os grandes pensamentos, as grandes inspirações, são universais e atemporais. Lembrando desses pensadores gregos, de 2600 anos. Lembrando da cultura veda, de 6 mil anos, enfim…. O conhecimento sempre existiu, é um só, vem de uma fonte só. Falta-nos humildade e memória para enxergar…

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